segunda-feira, 9 de julho de 2018

Parentes do ex-governador Geraldo Alckmin na Bahia, em Carinhanha.


PARENTESCO DA FAMÍLIA ALKMIM, DE CARINHANHA-BA, COM O EX-GOVERNADOR DE SÃO PAULO E CANDIDATO A PRESIDENTE, GERALDO ALCKMIN.

PARENTESCO DOS ALKMIMs DE CARINHANHA COM OS ALCKMINs DE GERALDO ALCKMIN (por Jorge M. de Brito, em junho/2018).


Diante de declarações do ex-governador de São Paulo e atual candidato à presidência da República, Geraldo Alckmin, onde o mesmo relata que nasceu em São Paulo, em uma cidade muito querida, Pindamonhangaba, porém sua família é baiana: “Minha família, quando chegou da Espanha, entrou pela Bahia, foi para Carinhanha, no Vale do São Francisco, depois subiu o rio São Francisco e foi para Januária, em Minas Gerais, norte de Minas. José Maria Alkimin [(1901-1974), foi ministro da Fazenda, vice-presidente da República] é de Bocaiúva, norte de Minas, perto de Montes Claros, meu avô já nasceu no Sul de Minas, batizado em Cruzília...”, declaraou o presidenciável durante programa Roda Viva, da TV Cultura.

Seriam, então, os Alkmim(s) de Carinhanha parentes do ex-governador de São Paulo?
Consultando a árvore genealógica do ex-governador, chegamos à conclusão que sim, conforme documentos adiante apresentados. Antes porém, em razão de publicações em alguns blogs dando conta de que a “A Guerra dos dois João em Carinhanha” envolvia o Coronel João Duque (como sendo avô do ex-deputado do Paraná, Hélio Duque) e o coronel João Alkmin (avô de Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo), adiantamos que a história não procede, apesar do Coronel João Alkmim ser, de fato, parente do ex-governador.

O embaraço se deu, na verdade, pelo fato de tanto o tataravô de Geraldo Alckmin quanto o seu bisavô, possuírem o nome João Alckmin, o primeiro de nome João Capistrano de Macedo Alckmin e o segundo João Capistrano Ribeiro Alckmin.

Há diversas passagens na internet, relatando que:
'Antes dos 1700’s nada se sabe dos Alckmin.
Os poucos registros que temos, no vale do São Francisco em Minas Gerais e na Bahia, a partir dos 1750’s, falam dos Alcami ou Alcamin, sempre com os mesmos sobrenomes: Costa de Alcamin Ferreira. Alguns ainda acrescentavam Brito no final.
Consegui achar quatro deles na região do vale do rio São Francisco, entre os 1750’s e 1790’s:
O primeiro, Francisco Lamberto da Costa de Alcamin Ferreira, em 1793, na cidade da Barra na Bahia, “pessoa nobre e abastada“, foi nomeado coronel de ordenanças montadas do “arrayal” de Carinhanha, por Dom Thomas José de Melo, Conselheiro de Sua Majestade, Fidalgo Cavaleiro da Sagrada Religião de Malta, Chefe de Divisão da Armada Real, Governador e Capitão General de Pernambuco;
A segunda, Sophia da Costa de Alcamin Ferreira, que era madrinha de quase “todo mundo” em Itacambira-MG;
O terceiro, Thomas da Costa de Alcamin Ferreira, também de Itacambira, vendeu cerca de 200 cabeças de gado em Diamantina, exigindo recibo do comprador;
O quarto, Felisberto da Costa de Alcamin Ferreira, também na região de Itacarambi e Carinhanha, dono de boa parte desses municípios, onde criava gado e tinha engenho.
Há uma “lenda” que afirma que uma imagem de Santana percorria as fazendas desses Alcamins. A mesma “lenda” afirma que a cidade de Feira de Santana na Bahia, era fazenda de um deles, daí o nome da cidade.
Curioso é o nome Francisco Lamberto, pois se trata do dominicano francês de Avignon, Franz Lambert, que largou a batina, aderiu ao protestantismo, e organizou as Igrejas Protestantes na região do Hesse na Alemanha. Num país em que a Igreja Católica mandava, e desmandava, colocar o nome de um protestante inimigo figadal da Igreja, num filho, é algo para se pensar dessa família…'

O tataravô (materno) do tataravô de Geraldo Alckmin (ex-governador de São Paulo), conforme detalhado mais adiante, foi José da Costa Alcamin Ferreira (juiz de órfãos em São João del Rei nos 1770’s) esposo de Maria Josefa Caetano Moura. Sua filha Maria Josefa de Alcamin era mãe solteira e foi a responsável pela alteração do sobrenome “Alckmin”, pois registrou sua filha com o nome Maria Emiliana Justina de Alckmin, empregando a grafia “Alckmin” ao invés de “Alcamin” do seu sobrenome.

Percebe-se, assim, que o sobrenome do tataravô (materno) do tataravô de Geraldo Alckmin (ex-governador de São Paulo), José da Costa Alcamin Ferreira, que foi juiz de órfãos em São João del Rei por volta do ano de 1770, é o mesmo sobrenome de Francisco Lamberto da Costa de Alcamin Ferreira, nomeado coronel do “arrayal” de Carinhanha, em 1793. A mãe de João Alkmim se chamava Jesuína Costa de Alkmim Ferreira, ou seja, possuía o mesmo sobrenome já mencionado. Acredita-se que João Alkmim tenha herdado por sucessão o título de coronel em Carinhanha.

O Coronel João Alkmim é filho de Vital da Costa Alkmim e Jesuína Costa de Alkmim Ferreira, nasceu em Jacaré, hoje Itacarambi, em 22/07/1895. Jacaré, pequeno povoado então pertencente ao município de Januária, no estado de Minas Gerais, à margem esquerda do Rio São Francisco. Casou-se com Ana Fonseca de Alkmim (dona Naninha). Com João Alkmim ainda criança, seus pais mudaram-se para Carinhanha-BA, também à margem esquerda do São Francisco. A Biografia de João Alkmim está muito bem documentada por seu sobrinho, Sr. Edson Alkmim da Cunha, no livro “Minha Caminhada – uma resenha histórica” (Gráfica Coronário), com relevante acervo fotográfico. Conta o livro que João Alkmim despontou seu pendor para política e negócios desde cedo, a ponto de, em 1926, com 30 anos de idade, romper a hegemonia política do Coronel João Duque, até então chefe inconteste em Carinhanha, que, desprestigiado, mudou-se para Manga, em Minas Gerais, de onde voltaria, quatro anos depois, em 1930, com mais de 400 soldados da vitoriosa força revolucionária mineira. Com o retorno de Duque, João Alkmim viu-se obrigado a embarcar sua esposa e seus familiares às pressas num vapor – providencialmente atracado no porto Carinhanha -, com destino a Bom Jesus da Lapa. Em sequência, fazendo-se acompanhar pelo cunhado Aníbal, Raul (pai do Sr. Edson), por 10 soldados, por um jornalista baiano conhecido como Medrado, bateu em retirada, a pé, para o mesmo destino, a 180 quilômetros rio abaixo. Em Lapa, foi detido e conduzido a Salvador como preso político. A prisão não foi muito longa, de modo que, pouco mais de um mês depois, estava de volta ao convívio da família, que o aguardava para decidir sobre o novo caminho a seguir. As alternativas, entretanto, eram escassas em meio a uma situação de absoluta vulnerabilidade. Jacobina, próspera cidade situada já nas proximidades do semi-árido baiano, era vista como a primeira possibilidade. Santana, então Santana dos Brejos, a segunda opção, por razões desconhecidas, acabou sendo a escolhida. Em Santana João Alkmim se tornou bem sucedido empresário e líder político, conforme bem relatado no livro escrito por seu sobrinho, chegando a se eleger prefeito de Santana, com posse em 01/02/1948, governando até janeiro de 1951, liderando por várias décadas o grupo político denominado “Corrente Velha”. Fez diversos sucessores, entre eles, seu sobrinho Edson (autor da sua biografia), eleito em outubro de 1962, por dois mandatos [1963 – 1966 e depois entre 1973 – 1976]. Mais tarde assumiu o posto de Prefeito de Santana um dos filhos do Sr. Edson, o dentista Francisco de Assis, o “Chicão”. Edson Alkmim da Cunha passou seus últimos dias na cidade de Salvador com a esposa Dona Irineia. Edson faleceu na manhã do dia 11 de novembro de 2015, na capital do Estado, acometido de uma pneumonia e falência múltipla de órgãos.

Outra fonte muito importante que retrata a passagem de João Alkmim por Carinhanha, trata-se do livro: “Coronelismo e Oligarquias: 1889 - 1943 (A Bahia na primeira República brasileira), do coreano Eul-Soo Pang, Professor da Vanderbilt University, Estados Unidos. (O autor manipulou numerosos documentos descobertos, inventariados e analisados, com um forte rigor metodológico).

Na pág.198, o autor bem retrata aquilo que intitulou de: “As Lutas Interestaduais dos Coronéis João Duque e João Alkimin, em Carinhanha”. Segundo o autor:
Aquilo que começara como uma simples disputa eleitoral municipal em Carinhanha evoluiu rapidamente para um violento confronto entre a Bahia e Minas. Em fins de 1928, quando seu segundo mandato expirou, o Coronel João Duque concorreu ilegalmente a um terceiro mandato como intendente de Carinhanha. Sendo ele próprio o presidente da Junta Eleitoral, confirmou desavergonhadamente sua própria reeleição. Enfurecido, Vital Soares (governador da Bahia) rejeitou a afirmação de Duque e concedeu o reconhecimento por parte do senado ao rival, Coronel João Alkimin (A Tarde, 5 de julho, 1929; Diário Oficial, 28 de dezembro, 1927, 1º de janeiro 1928; para detalhes ver Pang, “The Politics of Coronelismo”, pp. 280-81). Duque e seus aliados na Bahia e em Minas revidaram com violência para impedir que o vitorioso Alkimin tomasse posse. A situação atingiu seu ponto crítico quando os parentes de Alkimin, no norte de Minas, resolveram entrar na briga. Assim começou a longa luta entre Minas e Bahia.
Normalmente uma luta interestadual poderia ser controlada se os governadores o quisessem. Porém em 1929 nem Vital Soares (da Bahia) nem Antônio Carlos (de Minas) se mostravam muito desejosos de acabar com a luta. Ela servia como uma espécie de teste pré-eleitoral para determinar a força de cada um no Alto Vale do São Francisco. Além disso, Vital Soares não podia suportar o fato de Duque e seus companheiros mineiros derrotarem Alkimin, por ele escolhido, num ano de eleição. Antônio Carlos estava envolvido na luta interna de poder do PRM (Partido Republicando Mineiro) quanto à escolha de seu sucessor, e desejava ardentemente liquidar Alkimin, um conhecido adepto da facção paulista do PRM, liderada pelo Ministro da Justiça, Viana do Castelo, pelo vice-governador de Minas, Afredo Sá, e por Carvalho Brito, todos partidário de Washington Luís e da candidatura Prestes. A Comissão Executiva do PRM de Belo Horizonte viu-se num impasse terrível, deixando de indicar Bias Fortes, o nome escolhido pelo Governador Antônio Carlos; em vez disso, a Comissão ofereceu o cargo ao ex-presidente Venceslau Brás e depois a Artur Bernardes. Finalmente o PRM decidiu indicar um candidato de conciliação, Olegário Maciel, um senador de setenta e quatro anos, e Pedro Marques de Almeida, também senador porém, além disso, adepto do governador em exercício. Achava-se que Olegário não terminaria o mandato, em virtude de sua avançada idade e mau estado de saúde, e que consequentemente o Vice-Governador Pedro Marques assumiria o governo, servindo como frente para a máquina política tribal dos Andrada (governador Antônio Carlos). Essa luta pela sucessão dividiu o estado em facções, e João Duque foi um fiel soldado do campo de Antônio Carlos.
Os principais coronéis baianos do Vale do Médio São Francisco, principalmente os do grupo anti-Calmon, estavam direta e indiretamente envolvidos na luta Duque-Alkimin. Franklin, de Pilão Arcado, e Chico Leóbas, de Remanso, aos quais Vital Soares (e Góis Calmon) tinha motivos pessoais para perseguir, imediatamente tomaram o lado de Duque. Outros enviaram seus exércitos pessoais para ajudar Duque. Em novembro e dezembro de 1929 diversas cartas em termos acres foram trocadas entre Vital Soares e Antônio Carlos. Ante as ordens do Presidente Washington Luís, um representante da Procuradoria Federal da Bahia resolveu indiciar Duque, Franklin, Leóbas e outros coronéis implicados no chamado “crime de Carinhanha”. A Força Pública de Minas rapidamente retirou Duque da Bahia. Com Duque em segurança, fora do estado e imune à indiciação, o governo de Vital Soares empregou a Força Pública para punir os coronéis do Vale Médio. Assim, meses antes das eleições, provocou-se uma luta entre os coronéis e o estado, e em janeiro de 1930 os coronéis baianos não precisaram de muita persuasão para apoiar a Aliança Liberal na eleição”.
Na pag. 203, o autor segue:
“... na Bahia, como era previsto, o maior apoio à Aliança Liberal veio das fileiras dos coronéis do Vale do São Francisco. A disputa eleitoral para a intendência de Carinhanha, em 1928, e os conflitos subsequentes entre Duque e a Força Pública de Minas e entre Alkimim e a Força Pública da Bahia prepararam o caminho para uma ligação entre os coronéis anti-Calmon e os conspiradores de Minas Gerais. Lidando habilmente com os aliados de Duque, o Governador Antônio Carlos organizou uma série de encontros estratégicos entre os diretores do PRM e os coronéis baianos. Em fevereiro de 1930, Duque havia se tornado o principal recrutador de adeptos à Aliança Liberal no Vale”.
A partir da pág. 211, continua o autor:
Como predissera o Coronel David, Duque e um contingente da Força Pública de Minas atacaram Carinhanha uma semana depois. Provavelmente Duque estivera na fronteira de Minas depois que a revolução explodiu, porém foi obrigado a esperar até a rendição final das tropas federais em Minas. Isso aconteceu no dia 15. Provavelmente ele também foi informado da rendição, no dia 16, e dois dias depois ele e seus aliados mineiros estavam em Carinhanha. Após 10 horas de luta entre Duque e João Alkimin, a cidade caiu nas mãos das tropas mineiras aliadas a Duque. No mesmo dia, Mário Brant, um dos organizadores da revolução na Bahia, relatou a Oswaldo Aranha que Carinhanha caíra nas mãos de Duque, acrescentando que “nossas operações (na Bahia) vão indo bem, já tendo cumprido os objetivos do Estado–Maior.




GENEALOGIA E BIOGRAFIA DE JOÃO CAPISTRANO DE MACEDO ALCKMIN (TATARAVÔ DO EX-GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN).

De AUTORIA DE: JOSÉ NIL TON DE PAIVA (bisneto de João Capistrano de Macedo Alckmin), Pouso Alto /MG, Julho de 2012. Todos os direitos reservados ao autor.

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